quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Alto, alto, alto. Não lembro mais quem me ensinou a viver lá em cima, não lembro que foi o idiota que me pôs lá em cima. Agora é uma droga, viver nas alturas é como uma droga, a vontade causa enjoo, abstinência.. dele e das alturas. Ele chega bem pertinho, e diz alguma coisa ao pé do ouvido, é como se tivesse me lançado num foguete pra lua, eu fico lá, é tão bom, é leve.. é como se eu fosse uma bailarina lá no alto. Mas aí, sem demora, a nave tem que aterrisar denovo, eu tento prolongar a viagem o máximo, mas meu piloto tem que ir.
Os dias se arrastavam, a espera da decolagem sem data marcada, aqueles dias longos, como dias chuvosos, mas que na verdade eram dias de sol, dias de sol sem decolagem. Ô espera longa, mas os dias de voar sempre chegavam, e quase sempre eram sábados..chuvosos. Ele vinha, e eu tava pronta, ele me tocava e eu subia, subia, ele falava e eu me lançava no ar.. sensação boa de voar, com alguém te segurando pra não cair, sensação boa que eu nunca mais senti...
Eu fiquei esperando um longo tempo pra próxima decolagem, mas meu piloto tinha esquecido como se fazia pra voar, eu pelo acho, ele me esqueceu, acho que voou sozinho. eu fiquei lá embaixo, e ele nunca mais me levou lá pra cima, e isso me dá enjoo, abstinência e saudade, e muita saudade das alturas.

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